Arte Alentejana

O Alentejo é muito mais que face rugosas dos velhos mestres que trabalhavam com o barro, ferro, estanho, a madeira, a cortiça, o bunho, o couro, as peles e o corno, enquanto as suas mãos hábeis das mulheres pintavam as louças, faziam rendas e bordavam e durante horas infinitas estavam de volta dos teares.

Uma tradição passou de gerações em gerações, porém os mestres tornaram-se professores para os mais curiosos, assim surge uma nova geração de artesãos, que aposta no que tem mais procura, deixando ao resto o seu lugar de reserva ao que vale mas não tem uso, no museu.

As artes artesanais que estão a conquistar e a ganhar relevo no Alentejo, nomeadamente a olaria e pintura, os trabalhos em pele e couro e os têxteis. Podendo ser encontrados nas próprias lojas e lojas de artesanato da região produtora. Contudo, nos postos de turismo encontram-se muitas exposições destas artes artesanais.

Olaria e Pintura

O Alentejo oferece uma grande diversidade a nível da olaria e pintura.

Os Barros da região de Flor da Rosa utilizam a matéria-prima encontrada nesta região e mantêm o seu processo de produção tradicional, em que se cava nas barreiras. Estes são representados por uma seleção de 14 peças utilitárias, cada uma com uma forma e função diferente.

Em Nisa, a Olaria Pedrada, é específica daquela região, em que as pelas de barro vermelho depois de moldadas, são decoradas com desenhos incrustados com pequenas pedras de quartzo, da Serra de São Miguel. Aproveitando a visita a Nisa, é aconselhável a ida às águas das termas da Fadagosa, para relaxar.

Já a região de Estremoz é reconhecida pela sua Barrística, sendo que umas das suas melhores formas de a conhecer é no Museu Municipal Professor Joaquim Vermelho, no qual está uma coleção de obras populares dos séculos XVIII e XIX. Os temas da tradição como os santos de nicho e os presépios são obras que continuam a inspirar os artesãos e a serem mais procuradas, especialmente pelos colecionadores. Outros temas mais recentes são os assobios e os “rouxinóis”; os ganchos de fazer meia, renda ou de malha; os “napolões”, soldados vestidos com as fardas das Invasões Francesas; os “pretos” de saias vermelhas; as “primaveras”, figuras de mulher vestidas de dançarinas com um arco de rosas de ombro a ombro e um chapéu enfeitado com lacinhos e flores; e a metáfora “O Amor é Cego”, figura de mulher com os olhos vendados.

Três locais de produção da olaria utilitária e decorativa encontram-se em Redondo, Viana do Alentejo e São Pedro do Corval, o maior centro oleiro da Península Ibérica, nomeadamente cântaros, talhas, vasos, jarras, pratos de todos os tamanhos e feitios, chávenas, suportes para velas, peças decorativas para jardins, entre outros, é possível serem encontrados nestas regiões, juntamente com o fato que as olarias estão abertas ao público, permitindo uma demonstração real dos trabalhos e acompanhamento pelos mais curiosos, desde o processo de moldar a peça à secagem, cozedura e pintura final.

Maravilhas Alentejanas

Arqueologia ArteCanteFestas GastronomiaGolfeHistóriaNaturezaPatrimónioPraiasRaia
Barros Flor da Rosa
Olaria Redondo
Olaria Pedrada
olaria Viana do Alentejo
Olaria Estremoz
Olaria Sao Pedro do Corval

Obras e trabalhos em pele e couro

São muitos os objetos em pele e couro que ainda se fazem e vendem no Alentejo, desde arreios para animais, selas para toureio e para passeio, malas, sapatos e botas, chinelos forrados, vestuário para o quotidiano ou para as caçadas. Perto de Elvas, em Terrugem e na Nossa Senhora da Machede, na zona de Évora, existem fábricas de curtumes, que mesmo com a inovação e mecanização, mantêm a sua atmosfera medieval, valendo a pena serem visitadas e observar em tempo real os processos para a produção das peças em pele e couro, desde a sua transformação até ao produto final. Contudo, ainda existem outros locais que é possível encontrar excelentes artesãos da pele e do couro em Alter do Chão (correaria), em Cuba (calçado), em Almodôvar (calçado) e em Alcácer do Sal (correaria).

correria

Mantas, Tapeçarias e Tapetes

As mantas tradicionais alentejanas são feitas em teares, com fio de lã de ovelha tanto branca e negra. Feitas para serem colocadas nas camas, ou para decorarem as paredes e em alguns casos, são utilizadas como tapetes. Os padrões mais tradicionais compartilham o espaço com novos desenhos e cores, frutos da criatividade dos seus produtores, porém as técnicas mantêm-se. Atualmente já se fazem com algodão, cortinas, individuais, capotes, ponches, almofadas, sacos, mantas de viagem, meias, toalhas, entre outros. Reguengos de Monsaraz e Mértola são os principais centros de produção que ergueram escola desta arte e mantêm viva a tradição.

Arraiolos apresenta os seus tapetes, bordados ao longo dos séculos, ao longo dos anos e chegaram até hoje devido ao labor, engenho, dedicação e arte de diversas gerações de bordadeiras, que ainda nos dias de hoje, se encontram sentadas à porta da rua das suas casas, continuando a dar asas aos desenhos, aos pontos de uma tradição e história. Desconfia-se que esta tradição remonta ao século XV, quando várias famílias mouriscas foram expulsas de Lisboa por D. Manuel I. Aquando se dirigiam para o norte de África ou para o sul de Espanha, algumas dessas famílias foram acolhidas em Arraiolos pelas suas gentes e os artesãos dessas famílias disfarçados de cristãos-novos, dedicaram-se à manufatura de tapeçarias, nascendo assim os tapetes de Arraiolos, distinguidos pelas suas composições decorativas.

No mês de junho, no evento “O Tapete está na Rua”, Arraiolos revela-se e apresenta aos seus visitantes os trabalhos e obras de arte das suas bordadeiras, pela vila. Subindo o castelo, caminhando pelas ruas estreitas, entrando na Igreja da Misericórdia, provando os pastéis de toucinho, pequenos momentos vividos durante um festival que preenche as ruas com cores e desenhos tradicionais.

mantas
tapetes
O Tapete esta na Rua Arraiolos

Tapeçaria de Portalegre

Um mural decorativo é uma exceção à criação têxtil do Alentejo, nascendo na Manufatura de Portalegre de Guy Fino, o industrial que colocou Portugal, nas listas dos grandes produtores mundiais de tapeçaria. A distinta tapeçaria provém de uma técnica única e original de Manuel do Carmo Peixeiro, nos anos 20 do século passado, reconhecida como o “ponto de Portalegre”, que permite a reprodução rigorosa do modelo, nomeadamente obras de grandes autores da pintura Almada Negreiros, Vieira da Silva, Vítor Pomar, entre outros. De modo a conhecer e ver as tapeçarias, é aconselhável a visita ao Museu Guy Fino, no Palácio Castel-Branco, em Portalegre.

Uma das artes também bastante apreciadas é o mobiliário em madeira pintada, presente em Évora, Redondo e Ferreira do Alentejo, juntamente com as cadeiras com assentos em bunho; o mobiliário e objetos decorativos em ferro forjado de Campo Maior e Ferreira do Alentejo, e em todo a região, encontra-se a cestaria, objetos em cortiça e corno e diversas expressões da arte pastoril, em madeira.

Museu Guy Fino
Manufatura de Portalegre de Guy Fino1

Ganadarias e coudelarias

Duas regiões de Portugal reconhecidas pela tradição de criação do Cavalo Lusitano e do Touro são as regiões do Alentejo e Ribatejo, essenciais para as artes equestres e atividades tauromáquicas nacionais. No Alentejo, as corridas taurinas são espetáculos muito noticiados e concorridos, ao longo do ano, em diversas praças de touros, sendo a de Barrancos que foi consagrada a exceção dos touros de morte, proibida nas touradas portuguesas.

Relativamente às coudelarias, a situação é ligeiramente diferente, existe apenas uma ou duas portas abertas ao público, uma é a Coudelaria de Alter Real, a 3 quilómetros da vila de Alter do Chão. Esta foi fundada em 1748, pelo rei D. João V, que pretendia melhorar a criação do cavalo nacional e de dar à Real Picaria, uma academia equestre da Corte Portuguesa, do século XVIII, que exigia a verdadeira qualidade e dignidade. Após mais de 250 anos, a propriedade é a mesma onde foi instalada a Tapada do Arneiro, permitindo a continuação da tradição de fornecer o Cavalo Lusitano à Escola Portuguesa de Arte Equestre, herdeira da Real Picaria, estando atualmente a funcionar no Palácio Nacional de Queluz.

Esta coudelaria é criadora da raça Cavalo do Sorraia, sendo considerada como raça primitiva Cavalo Ibérico, em vias de extinção.

Em abril realiza-se a Semana da Coudelaria, em que são feitas diversas atividades equestres, juntando-se o famoso Leilão de Equinos do dia 24. No mês maio decorre a Festa do Cavalo.

Cavalo Lusitano
Coudelaria de Alter Real
Cavalo do Sorraia